História
Por volta de 1720 (primeira metade do século XVIII) havia um caminho que ligava a região das Minas Gerais ao estado de São Paulo, nas proximidades de um ribeirão, afluente do rio Três Irmãos. Tal território era considerado um dos trechos de maior dificuldade para os viajantes devido às características pantanosas do terreno, o que causava a perda freqüente de burros de carga nos atoleiros ali existentes. Para evitar os permanentes prejuízos materiais, autoridades e particulares se uniram na construção de um estivado de madeira roliça no local, com cerca de 210 metros de extensão.
Primeiramente este trecho da estrada recebeu o nome de Brejo da Estiva, e posteriormente Estiva; esse último nome passou a ser designado para os viajantes como o próprio ribeirão e o povoado que gradativamente se formou na localidade. Esse ponto, de vital importância histórica à cidade, é ainda recordado pelos munícipes mediante o obelisco comemorativo, que demarca o local do nascimento do município.
“ESTIVA, vem da palavra estivado, que é um conjunto de varas ou paus lavrados ou roliços, com que se reveste um trecho acidentado de terreno, formando um leito ou esteira por onde passam as pessoas, os carros e os animais.”
Até ano de 1810, não havia um povoado, somente alguns moradores eqüidistantes. Conta-se que por volta de 1835, por ocasião de uma romaria à Aparecida do Norte, trouxeram-lhe uma imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que foi posta em um oratório, o que aumentou dia a dia a influência sobre os fiéis. Esse fator religioso, foi determinante na formação de um aglomerado urbano, que deu origem a Freguesia, à Vila e posteriormente à cidade de ESTIVA.
O primeiro habitante de Estiva foi Domingos Soares, que por volta de 1757, derrubou a mata e deu início a criação de gado e ao cultivo das terras. Devido ao clima ameno e a boa qualidade do solo, outras pessoas se fixaram no local, entre elas, a viúva Rosa Maria Lopes, uma fazendeira devota de Nossa Senhora Aparecida. Sua devoção a levou a construção de um oratório com a imagem da santa, onde seus familiares se reuniam regularmente. A partir disto moradores das redondezas iniciaram a construção de uma nova capela, onde hoje se encontra a Praça da Matriz. Em 1853, 14 hectares de terra foram doados para a formação do patrimônio de Nossa Senhora da Estiva, construindo assim uma terceira capela de maior dimensão.
O Povoado foi elevado a distrito pela Lei Provincial n.° 1654, de 14 de Setembro de 1870, pertencendo ao Município de Pouso Alegre. A criação do Município de Estiva ocorreu em 1948, em 27 de Dezembro, sob lei Estadual n.° 336.
Além da religião há outro importante fator na história de Estiva, que é a sua produção de Morango. Acredita-se que o primeiro produtor da fruta tenha sido o Sr. Osvaldo, nos idos da década de sessenta. O Sr. Osvaldinho (que era também conhecido por seu apelido, Galinha), foi morador do bairro do Canta Galo, antes porém, foi trabalhador rural na cidade de Atibaia (S.P.), local onde conviveu com uma família de japoneses, que naquela cidade iniciavam uma plantação de morango. Regressando à Estiva tempos depois, já dominando as técnicas de cultivo da fruta, aqui principiou sua própria produção.
O plantio seu deu no ano de 1966, no bairro Ribeirão das Pedras, onde foram plantados cerca de 100 mil pés de “morango-13” (conhecido popularmente como “Azedinho”). A produção inicial daquele ano foi feita em canteiros, sem nenhum tratamento específico e, em seguida foi realizada a colheita os morangos, que eram lavados, embalados em caixas e cumbucas de madeira para serem comercializados de início em São Paulo (capital), todavia alguns anos depois o morango de Estiva passou a ser comercializado em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, pois, outros produtores ao observarem o bom preço alcançado com a fruta passaram a investir na produção, copiando as técnicas do Sr, Oswaldinho, ou mesmo recebendo apoio de outras pessoas de fora do município.
Esse aumento de produtores teve sua origem já no ano de 1967, com o Sr. Mateus Morais (2º produtor), iniciou sua plantação no Bairro do Córrego dos Mulatos. Um produtor de Atibaia, ao constatar a boa adaptação do morango, resolveu aplicar em Estiva, enviando para cá empregados seus, para darem assistência ao Sr. Mateus e, com ele, desenvolver a produção pelo sistema de meeiro.
Foram muitos os obstáculos do Sr. Mateus, que ao iniciar sua produção não possuía maquinário apropriado, além da insuficiência de mudas (vindas de Ibiúna/SP), não se empregava a cobertura plástica e quando chovia praticamente toda produção era antes lavada para poder ser embalada, a irrigação era feita por um miúdo motor com auxilio de mangueiras manejadas manualmente.
O maior inimigo da produção era as constantes geadas, que praticamente destruíam as lavouras. No ano de 1969, iniciou também sua plantação o Sr. Messias Marques Rezende, no bairro do Córrego dos Mulatos. Suas mudas inicialmente vinham de São Paulo e logo passaram a ser produzidas por ele mesmo. A cobertura de palha de arroz começou a trazer problemas, pois muitas brotavam e cresciam atrapalhando o morango. Foi também introduzido o uso do esterco de galinha e uma pequena parcela de adubo adquirido no mercado.
Outros produtores foram surgindo, antigos empregados dos produtores originais foram se tornando independentes, além dos investidores externos que foram lentamente percebendo o potencial de Estiva para a produção de morango, começaram a aparecer os comerciantes intermediários, representantes de empresas que aceleravam a comercialização de frutas no seu transporte e venda.
Atualmente Estiva encontra-se entre os maiores produtores de Morango do Estado de Minas gerais, e conseqüentemente do País. São cerca de 250 hectares com uma produtividade média de 300 mil Kg por hectare, distribuídos em 3 mil pequenos e médios produtores e 18 milhões de pés, ou seja, uma produção que chega a 9 mil toneladas da fruta por ano. As riquezas desenvolvidas através do Morango são hoje motivas de comemoração, todo ano ocorre o Festival do Morango, festa organizada para reunir produtores e munícipes, que atrai investidores de toda região. Durante a festa são realizados desfiles, exposições de morangos, shows e outras atrações, sempre tendo como tema à fruta orgulho e símbolo da cidade.